quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Quem tem ouvidos, ouça!




O que: Café com Jazz Trio
Origem: Pouso Alegre, Minas Gerais, Brasil.
Integrantes: Henrique Fernandes no piano, Lucas Fernandes na bateria e Rodrigo Fernandes no violão/escaleta.
Estilo:Jazz e música instrumental brasileira.
Página oficial: http://www.cafecomjazztrio.com
Ouça aqui:  





Som bom para: relaxar, namorar, sorrir, chorar.

Agenda Cult

O que: Projeto Nossos Talentos: Relembrando Elis com o grupo Queijo com Goiabada
Onde: Teatro do Inatel
Quando: 10 de novembro de 2012, sábado, às 20:00.
Quanto: R$10,00
Informações: http://www.inatel.br/inatelcultural







O que: Tributo ao Tim Maia
Onde: Teatro do Inatel
Quando: 11 de novembro de 2012, sábado, às 20:00.
Quanto: R$2,00 + 1 kg de alimento
Informações: http://www.inatel.br/inatelcultural





O que: IV Estação das Artes - Festival Cultural de Pouso Alegre
Onde: Locais variados. Consulte.
Quando: 08 à 11 de novembro de 2012.
Quanto: Entrada franca.
Informações: http://www.culturapa.com/2012/11/iv-estacao-das-artes-festival-cultural.html
Fonte: www.culturapa.com




O que: Café com Jazz Trio
Onde: Divina Maria Café e Cultura
Quando: 10 de novembro de 2012, sábado, às 15:00 
Quanto: Entrada franca.
Informações:  http://www.cafecomjazztrio.com
Fonte:  http://www.cafecomjazztrio.com







O que: Semana de Arte e Música do Conservatório
Onde: Conservatório de Pouso Alegre
Quando: 05 a 09 de novembro de 2012.
Quanto: Entrada franca.
Informações: http://www.culturapa.com/2012/11/semana-de-arte-e-musica-do-conservatorio.html
Fonte:  http://www.culturapa.com






O que: Lado de Lá, Laís Tiburcio
Onde: Teatro Municipal de Pouso Alegre
Quando: 09 de novembro de 2012, sexta feira.
Quanto: Entrada franca.
Informações: http://www.culturapa.com/2012/11/0911-lado-de-la-lais-tiburcio.html
Fonte: http://www.culturapa.com




Eu poetizo, nós poetizamos, vós poetizais


Letra para uma valsa romântica
Manuel Bandeira






A tarde agoniza
Ao santo acalanto
Da noturna brisa.
E eu, que também morro,
Morro sem consolo,
Se não vens, Elisa!

Ai nem te humaniza
O pranto que tanto
Nas faces desliza
Do amante que pede
Suplicantemente
Teu amor, Elisa!

Ri, desdenha, pisa!
Meu canto, no entanto,
Mais te diviniza,
Mulher diferente,
Tão indiferente,
Desumana Elisa!





BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética. 12. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.


>>> Aqui tem!

Contam por aí...


A morte e o médico
Ernani Ssó






Há muito tempo, ou amanhã de amanhã, quando os bichos falavam, um rapaz ganhou


uma barrica de cerveja, depois de trabalhar anos numa cervejaria. Seguiu para casa, com a barrica nas costas. Como ela pesava muito e ele estava alegre, pensou em parar e beber um pouco. Mas não queria fazer isso sozinho. Então pensou:


- Vou convidar o primeiro que encontrar.


Numa curva da estrada, deu com uma mulher cadavérica, meio amarelada.


- Bom dia, senhora. Quer beber um pouco de cerveja comigo?


- Preferia comer, mas...


- Não tenho nada pra comer. Mas quem é a senhora? Gostaria de saber com quem bebo.


- Eu sou a Fome.


- Não quero beber com a senhora. A senhora sempre persegue os pobres. Não é justa.


O rapaz seguiu em frente. O sol estava cada vez mais forte e a barrica, cada vez mais pesada. O rapaz já pensava até em beber sozinho quando encontrou um homem muito forte e com jeito de mandão.


- Bom dia, senhor. Quer beber um pouco de cerveja comigo?


- Não costumo beber em serviço, mas aceito. Está muito quente.


- Quem é o senhor? Gostaria de saber com quem bebo.


- Eu sou o Destino.


- Sinto muito, mas não posso beber com o senhor. O senhor não é justo. Complica a vida dos pobres, facilita a vida dos ricos.


Bastante desanimado, o rapaz seguiu em frente. Não agüentava mais o peso da barrica. Não agüentava mais o calor do sol. Resolveu então sentar embaixo de uma árvore, na beira da estrada.


Nisso viu se aproximando uma pessoa muito alta e muito magra, vestida de preto. Gritou para ela:


- Bom dia. Quer beber um pouco de cerveja comigo?


- Aceito.


- Quem é você? Quero saber com quem bebo.


- Eu sou a Morte.


Mas nem precisava dizer. Quando ela chegou perto, o rapaz viu o esqueleto sob as vestes pretas, o capuz que escondia a caveira e a gadanha na mão direita.


- Sente aqui comigo. Com você eu posso beber. Você é justa. Você trata pobres e ricos por igual.


- Eu nunca sento, mas, pra beber uma cerveja, vou abrir uma exceção.


Beberam, conversaram. Quando o rapaz se preparou para ir embora, a Morte disse:


- Você foi muito gentil comigo. Em troca, vou tornar você rico.


- Como?


- Você será médico de hoje em diante, Vou tornar esta cerveja mágica. Um golinho apenas e a pessoa ficará curada.


- Mas a barrica não é muito grande. Logo a cerveja acabará.


- Quando a barrica estiver pela metade, encha-a de água. Garanto que terá o mesmo efeito. E o mesmo sabor.


- Ótimo – o rapaz disse, se levantando.


- Mas tem uma condição – a Morte avisou – Quando você for visitar um doente, se eu estiver à cabeceira da cama, não dê cerveja a ele. Porque esse eu tenho de levar. Se não cumprir o trato, você é que será levado.


- Certo – o rapaz disse e apertou a mão da Morte.


O rapaz se transformou num médico rico e famoso. Não era pra menos. Ele não errava nunca. Mal entrava no quarto de um doente, mal botava o olho nele, sabia se o sujeito escapava ou se a família tinha de comprar o caixão. Ninguém nem sonhava que o rapaz pudesse enxergar a Morte.


O que mais impressionava eram as curas. As pessoas às vezes estavam mal havia dias, ou semanas. Aí o rapaz dava um golinho do seu remédio e o doente pulava da cama na mesma hora, como se houvesse se deitado apenas pra uma soneca. E ainda dizia, lambendo os bigodes:


- O remédio até tem gosto de cerveja.


A fama do rapaz era tanta que um dia o rei mandou chamá-lo:


- Minha filha está doente, muito doente. Os médicos da corte não sabem mais o que fazer. Tentaram todos os tratamentos e nada funcionou. O senhor é minha última esperança.


- Verei o que posso fazer, majestade.


- Se o senhor curar a princesa, eu lhe darei metade do reino e o casarei com ela.


O rapaz tremeu, ao ouvir falar em casamento. Conhecia a fama da princesa: além de boa pessoa, era linda e alegre. Por um instante o rapaz ficou sonhando com a felicidade que viveriam.


O rei o levou ao quarto da princesa.


A rainha e duas damas estavam ao lado da cama. E, à cabeceira, a Morte de pé, a caveira sob o capuz apoiada na gadanha. Cochilava.


O rapaz já tinha visto antes a Morte cochilando. Mas ela sempre acordava a tempo. Não atrasava um segundo.


O rapaz olhou para a princesa. Pálida, abatida. Ela olhou para ele com uma dor tão grande que ele se sentiu mal.


O rapaz olhou para a Morte. Pela primeira vez achou que ela era injusta. De que adiantava ela o ter feito rico se agora ia perder o amor da princesa?


O rei disse, impaciente:


- E então?


O rapaz olhou a Morte de novo. Ela continuava cochilando, meio escondida pelas sombras. Então o rapaz se decidiu. Falou baixinho para o rei:


- Mande virar a cama, majestade. A cabeceira para os pés, os pés para a cabeceira. Mas sem barulho nenhum.


Assim foi feito. A Morte não percebeu nada. O rapaz, mais que depressa, deu um golinho de cerveja para a princesa. Na mesma hora a princesa se levantou, sem palidez, sem abatimento – linda como a Lua.


O rei deu um grito de alegria.


A Morte acordou e viu a cama ao contrário. Não disse nada, apenas olhou para o rapaz e levantou a gadanha.


- Não! – ele falou.


- O que foi que combinamos?


- Mas acabei de ganhar uma esposa e metade de um reino!


- Agora seu reino não é deste mundo – a Morte disse e o tocou com a ponta da gadanha.


O rei, a rainha, a princesa e as damas levaram algum tempo para descobrir que o médico caíra morto.






SSÓ, Ernani. Contos da morte morrida: narrativas do folclore. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2007.








>>> Tem na biblioteca!



Conhece?



Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares, na Espanha, em 29 de setembro de 1547. Passou a Infância na cidade de Valladolid e estudou em Madri e também em Sevilha que, no século 16, era uma das maiores cidades do ocidente, capital financeira, comercial e artística da Europa. Em 1571, serviu ao exército do rei espanhol Filipe II, na batalha naval de Lepanto contra o império turco. Ferido, perdeu os movimentos da mão esquerda.
Quando voltava de outra expedição, Cervantes foi capturado por piratas argelinos e vendido como escravo ao rei de Argel, Hassaou Pacha. Tentou fugir pelo menos cinco vezes. Por fim, o monge Juan Gil pagou seu resgate. De volta à Espanha, em 1587, passou por dificuldades. Sua produção literária não obtinha sucesso. Conseguiu, no entanto, ser nomeado Corsário Real. Sua missão era coletar azeite e grãos para a Armada Invencível, esquadra criada por Filipe II para conquistar a Inglaterra. Por não saber matemática, foi enganado por outros corsários e preso sob acusação de roubo em 1592.
Com a publicação do livro Dom Quixote , em 1605, Cervantes, então com 58 anos, conseguiu juntar algum dinheiro e pôde se dedicar exclusivamente à literatura. A obra fez tanto sucesso que uma pessoa, usando um nome falso de Alonso Fernández Avellaneda, publicou uma segunda parte do romance. Revoltado com a falsificação, Cervantes publicou sua própria segunda parte em 1615.
Miguel de Cervantes, morreu em Madri no dia 23 de abril de 1616. Além de seu famoso romance, ele escreveu também poemas e textos para o teatro, que não tiveram tanta repercussão quanto Dom Quixote . Sua produção teatral está resumida no volume Oito comédias e oito entremezes . O espanhol escreveu ainda Novelas exemplares , considerado um dos mais importantes volumes de contos da literatura universal.




Fonte: http://chc.cienciahoje.uol.com.br/biografia-de-miguel-de-cervantes/
>>> Temos Dom Quixote em nosso acervo!



quinta-feira, 4 de outubro de 2012

De encher os olhos!


Quadro Saudades, de José Ferraz de Almeida Jr., 1899. Óleo sobre tela, 195 X 98 cm. Pinacoteca do Estado de São Paulo.


Conheça a história da literatura de cordel


Cordel: a poesia no varal


 




 A palavra cordel vem do provençal e quer dizer corda. Cordéis eram os barbantes estendidos nas feiras da Idade Média, nos quais os poetas penduravam os folhetos com seus poemas, para que fossem vistos, escolhidos e comprados pelos ouvintes e fregueses.


Por isso, também chamado de literatura de folhetos, o cordel nasceu dos versos recitados, da poesia de tradição oral, da palavra cantada que encanta narrando histórias e causos.


Por volta dos séculos XI e XII, esse gênero de literatura popular disseminou-se por toda a Europa. Poemas que contavam histórias de nobres e princesas, falavam de terras desconhecidas e de peregrinações eram cantados pelos trovadores e menestréis nas cortes, nas feiras e em praças públicas. Em Portugal, essa tradição fundiu-se à dos medajs, poetas cantores árabes que narravam suas histórias acompanhados por instrumentos musicais.


Com a invenção da imprensa, por volta de 1450, os poetas passaram a imprimir seus poemas em folhetos montados com várias folhas dobradas, geralmente de papel barato, que tinham capas ilustradas e eram vendidos aos ouvintes depois de récitas, ou seja, das apresentações.


O cordel faz parte, portanto, de um conjunto de gêneros de literatura popular que têm em comum o fato de terem sido transmitidos originalmente de forma oral. E chegou ao Brasil com os portugueses, que trouxeram também suas melodiosas violas. Aqui, ele se desenvolveu principalmente no Nordeste, em estados como Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.


Forma poética rica, complexa e viva, cujas narrativas são criadas mais para serem ouvidas do que lidas, o cordel até hoje costuma ser recitado – de memória ou por meio da leitura em voz alta – por um cantador. Acompanhado pela melodia da viola, que preenche os intervalos das estrofes, o poeta geralmente é cercado pelos ouvintes, que acompanham, atentos, o desenrolar das histórias narradas em verso.


Então, depois da apresentação, o cordelista vende seus folhetos. Por isso podemos dizer que o cordel reforça os laços coletivos e a experiência comunitária, porque, por meio dele, poeta e público compartilham histórias e aventuras ao vivo. E, dessa maneira, essa arte popular resgata também a tradição dos antigos aedos gregos, que cantavam em versos as aventuras dos heróis de sua mitologia, há mais de 2 mil anos.


A partir da década de 1950, os folhetos passaram a ser ilustrados por xilogravuras de diferentes artistas. De lá para cá, a presença dessas imagens tornou-se também uma tradição: hoje quando pensamos em um folheto de cordel, logo nos vem à cabeça uma ilustração de xilogravura.


Dentre os temas mais cantados estão as recriações de histórias tradicionais, herdadas da corte portuguesa, com intrigas de amor e aventuras inspiradas nas narrativas medievais. Mas o cenário das histórias foi substituído pelos sertões brasileiros: os nobres poderosos foram trocados por patrões ou fazendeiros; as princesas se tornaram as filhas deles; e em lugar de valentes cavaleiros surgiram vaqueiros destemidos, dispostos a lutar pelo amor de suas donzelas.


Além das adaptações das histórias da corte européia, no Brasil foram criados cordéis dos elementos de nosso próprio folclore e de nossa própria história. Exemplos desses poemas são os que narram a vida de Antônio Conselheiro, líder da comunidade de Canudos, ou a de padre Cícero Romão, “Padim” Ciço, de Juazeiro do Norte. Hoje em dia, os cordéis podem falar sobre quase tudo. Tocam em assuntos que abrangem questões políticas, econômicas e sociais da região em que são produzidos, podendo até participar de campanhas institucionais que ensinam às pessoas, por exemplo, como combater a dengue e outras doenças.





 >>> Há livros de cordel em nossa biblioteca!



Saiba mais: 


Internet: Academia Brasileira de Literatura de Cordel -  www.ablc.com.br


Com gravuras, publicações e notícias, o site conta toda a trajetória da literatura de cordel e como ela chegou ao Brasil. Marcada pelo improviso e pela poesia popular, essa classe literária se encontra bem retratada pela ABLC aqui.








OLIVEIRA, Gabriela Rodella de. Português: a arte da palavra, 6º ano. 1ª ed. São Paulo: Editora AJS Ltda, 2009.